O exercício físico é uma terapia com efeitos impressionantes sobre pacientes com baixa expectativa de vida. É capaz de reduzir a mortalidade dos grupos mais graves de insuficiência cardíaca em até 50%, em apenas um ano. Além disso, proporciona um ganho expressivo na qualidade de vida.
O exercício físico promove:
- Maior sensibilidade à insulina;
- Maior tolerância à glicose;
- Maiores concentrações de HDL-C (colesterol bom);
- Menores concentrações de LDL (colesterol ruim) e Triglicerídeos;
- Redução da pressão arterial sistêmica;
- Redução do estresse, da ansiedade e da depressão.
- Socialização.
A medicina brasileira – assim como acontece em grande parte do mundo ocidental – muitas vezes se preocupa em atacar os efeitos do problema, deixando de lado as suas causas. O sedentarismo, por exemplo, é uma grande causa de morte precoce. Ele não está relacionado apenas às mortes por problemas cardiovasculares, mas também a outras doenças, como o câncer.
Exemplo disso é o estudo realizado por Jonathan Myers, que analisou a mortalidade de 6213 homens. Após alguns testes físicos, os indivíduos foram divididos em 2 grupos: 3679 pessoas apresentaram resultados de capacidade de exercício físico anormal e / ou doença cardiovascular. Os outros 2534 homens tiveram resultados normais no teste de exercício e não possuíam histórico de doença cardiovascular.
Durante a pesquisa, houve um total de 1256 mortes. Os homens que morreram eram, no geral, mais idosos do que aqueles que sobreviveram, tinham uma frequência cardíaca máxima menor, menor pressão arterial sistólica e diastólica, e menor capacidade de exercício.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a capacidade de exercício é um preditor mais poderoso para a mortalidade entre os homens do que os outros fatores de risco estabelecidos para a doença cardiovascular.
Dessa forma, podemos perceber a importância que o estilo de vida das pessoas tem para a saúde. Aspectos como bem estar físico, mental e social devem ser levados em consideração em qualquer consulta e tratamento médico. A atividade sexual é um bom exemplo disso.
Exercícios físicos e Atividade Sexual
As disfunções sexuais são um grande preditor de risco para doença cardiovascular. Elas estão intimamente ligadas à circulação sanguínea. Quanto mais alta a pressão, maiores as chances de disfunção, por exemplo. E o exercício físico é, novamente, um grande aliado para a saúde e para a qualidade de vida.
Além dos benefícios que já citamos, a atividade física regular promove a melhora da função endotelial. O endotélio é uma camada de células localizada na parte interna dos vasos sanguíneos. Quando praticamos exercícios físicos, estimulamos o endotélio a produzir Óxido Nítrico.
O Óxido Nítrico é um potente vasodilatador e supera, inclusive, a função dos medicamentos tradicionais para disfunção sexual. O exercício estimula a maior produção de Óxido Nítrico, auxilia na circulação sanguínea e, consequentemente, na atividade sexual. Melhora a qualidade de vida das pessoas significativamente.
Exercícios Físicos e Insuficiência Cardíaca
Quando uma pessoa sofre com insuficiência cardíaca, tem os seus processos de envelhecimento acelerados: perde massa muscular, reduz o vigor. O exercício físico ajuda a recuperar isso.
Um trabalho apresentado por mim no congresso mundial de cardiologia em Melbourne, na Austrália, em 2014, é outro exemplo. Nele, dois grupos de idosos com insuficiência cardíaca e baixos níveis de testosterona foram aleatoriamente formados. Ambos passaram por um período de 12 semanas de treinamento intervalado e progressivo de alta intensidade (36 sessões de 40 minutos). Um dos grupos foi suplementado com testosterona e outro não.
Em ambos os grupos houve uma grande melhora da função pulmonar (aeróbica) e da função erétil (sexual). O nível de testosterona mais alto no grupo que foi suplementado não provocou nenhum benefício adicional. Sendo assim, o grande responsável pelos benefícios para a qualidade de vida dos pacientes foi, mais uma vez, o exercício físico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que a medicina deve promover a saúde – e não apenas tratar os efeitos das doenças. O exercício deve ser um tratamento obrigatório para o diabetes, para as doenças cardiovasculares (doença coronariana, insuficiência cardíaca e hipertensão).
Tão importante quanto tratar convencionalmente a doença é verificar como a pessoa está vivendo. Se está praticando atividades físicas regularmente, como está se alimentando. Se está feliz.
Mantenha-se ativo. Consulte o seu médico antes de iniciar uma atividade física. Existem programas especializados em reabilitação cardiovascular, com profissionais capazes de lhe orientar e lhe auxiliar na prática segura de suas atividades.
*Autor: Prof. Dr. Tales de Carvalho (CRM-SC 4557 RQE: 4525), Cardiologista e Fundador da Clínica Cardiosport de Prevenção e Reabilitação, em Florianópolis/SC.